quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Projeto de novo sistema de BRT não poluente é aprovado em Curitiba

Proposta desbancou VLP e modelo de cooperativa. Agora, basta licitação para que o sistema saia do papel.

CIVI – City Vehicle Interconnect, projeto que deve contar com ônibus híbridos e, posteriormente, elétricos puros.
CIVI – City Vehicle Interconnect, projeto que deve contar com ônibus híbridos e, posteriormente, elétricos puros.
A prefeitura de Curitiba aprovou num processo de PMI – Proposição de Manifestação de Interesse – da iniciativa privada um novo modelo de transporte limpo para a capital paranaense e parte da região metropolitana, que consiste numa rede de corredores de ônibus BRT com veículos não poluentes e estações conectadas, algumas, inclusive, subterrâneas, como as do metrô. O próximo passo para a proposta se tornar realidade é a realização de uma licitação, o que ainda não tem data para ocorrer.
Denominado de CIVI – City Vehicle Interconnect, o projeto que deve contar com ônibus híbridos e, posteriormente, elétricos puros é de iniciativa de um consórcio formado pela Associação Metrocard, que reúne as empresas de ônibus da região metropolitana de Curitiba, da Nórdica, representante da montadora Volvo, e pela construtora Cesbe S.A. – Engenharia e Empreendimentos.
O procedimento de apresentação de propostas foi lançado pela prefeitura de Curitiba em maio de 2016, e contou com três projetos, o próprio CIVI, um VLP – Veículo Leve sobre Pneus, sugerido pelo consórcio das empresas JMaluceli Construtora, M4 Consultoria e Pontoon Participações, e uma proposta da Sociedade Peatonal, representada pelo engenheiro André Caon, que contemplava uma espécie de cooperativa de ônibus elétricos com baterias no trajeto entre a CIC e o Parque da Imigração Japonesa.
Os custos mais baixos, a viabilidade de implantação e a extensão da malha foram decisivos para a proposta do BRT limpo ser considerada vencedora. O projeto prevê uma rede de cinco corredores que somam 106 quilômetros: Aeroporto/Centro Cívico; Tamandaré/Cabral; Linha Verde; Araucária/Boqueirão, e Norte/Sul.
O sistema deve contar com aproximadamente 300 estações de embarque e desembarque, todas conectadas por cabos de fibra ótica. Os passageiros terão wi-fi, painéis com informações sobre os horários e as linhas, além de ar-condicionado nos espaços. A rede deve ter aplicativos de celulares específicos com informações em tempo real para os passageiros sobre os serviços. Seis dessas estações devem ser subterrâneas, como as do metrô.
De acordo com o presidente do Conselho de Administração da Cesbe, Carlos de Loyola e Silva, em nota, o desenvolvimento do projeto foi liderado pela Volvo, e, quando implementado, requalificará Curitiba como exemplo de cidade sustentável.
“O aspecto que nos atraiu foi a tecnologia proposta pela Volvo para esse tipo de projeto. O CIVI é um modelo que não tem paralelo no mundo, além de atender às normas da Euro 6 de restrição à poluição, com ônibus híbridos, incorpora conectividade, permitindo prever com exatidão o horário de chegada do ônibus” – explicou.
O executivo complementou dizendo que a solução terá baixo custo para os cofres públicos em comparação com outros modais que têm capacidade semelhante de transportes. “Buscamos oferecer uma solução econômica para Curitiba, com vantagens muito grandes para o usuário, unindo funcionalidade e conforto”, afirmou Loyola.
O projeto foi apresentado na FetransRio, feira de mobilidade urbana que ocorreu em novembro do ano passado, no Rio de Janeiro, pela Volvo, e teve cobertura do Diário do Transporte. Na ocasião, o especialista em mobilidade urbana da Volvo Bus Latin América, Ayrton Amaral, que qualificou a ideia como evolução do BRT, explicou como devem ser as estações subterrâneas, e disse que o sistema traz vantagens em comparação com outros modelos.
“O conceito de parada seria semelhante às estações de metrô, no entanto com menor profundidade: seis metros, enquanto, em média, uma estação de metrô necessita de uma profundidade de 15 metros. As estações seriam modernas, com fácil acesso, e na superfície da área onde estariam as estações poderiam ser feitos bulevares para melhorar o espaço urbano […]. É bem mais barato e viável que o VLT ou qualquer outro sistema por apresentar mais capacidade, e poderia ser implantado em dois anos”.

FONTE: BLOG OB -

com Adamo bazani


com Adamo bazani

segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

Aumento de tarifas de ônibus: cadê o discurso de que o passageiro é o cliente?

Mais uma vez, aquele que sustenta o sistema de transportes foi pego de surpresa. Onde houve mais afobação, reajustes foram cancelados ou adiados.
Passageiros de ônibus urbano.
Passageiros de ônibus urbano.
Em palestras, entrevistas, ações de marketing, treinamentos, as empresas de ônibus dizem que o usuário do sistema de transportes não é um simples passageiro, aquele que passa, mas é um cliente, aquele que tem relacionamento com a companhia de ônibus e está em sua rotina todo dia. O discurso é correto e bonito, mas nem sempre é colocado em prática. A verdade é que os recentes aumentos das tarifas de ônibus mostram essa realidade.
Ninguém é contra o aumento em si, afinal os custos das empresas de ônibus são grandes e precisam ter recomposição. Se não houver aumento de tarifa, cai na conta dos subsídios, há atrasos nos repasses às companhias, a qualidade cai, e as empresas de ônibus precisam ter sim uma segurança jurídica e financeira para operar. Isso ninguém discute! A questão é que, em muitos casos, como na região metropolitana de São Paulo, o passageiro foi desrespeitado com a falta de comunicação adequada em relação aos reajustes. Não é de hoje!
Muita gente foi pega de surpresa por uma atitude quase incompreensível. Custa, por exemplo, colocar um papelzinho ao lado do cobrador ou da catraca (já que muitos ônibus não têm mais cobrador) avisando sobre o aumento? Custa aplicar o reajuste dias depois da decisão, e não da noite para o dia? Qual é o medo das empresas e das prefeituras? Que o passageiro consiga se precaver e compre uns créditos antes do aumento para economizar em sua renda? Manifestação popular?
Mas, em alguns casos, o tiro saiu pela culatra. As cidades que foram menos transparentes do ponto de vista de comunicação para com seus passageiros foram as que tiveram que rever seus reajustes, seja por decisão judicial, seja por ação dos novos prefeitos, ou mesmo pelos dois. Exemplo disso é Guarulhos, na grande São Paulo. Em praticamente menos de 24 horas depois da publicação do decreto no qual o antigo prefeito Sebastião Almeida autorizou o aumento de 18,4% nas tarifas de R$ 3,80 para R$ 4,50 (R$ 4,20 para quem usa o Cartão Cidadão), a passagem já estava mais cara.
O “cliente” do serviço público foi pego de surpresa e, claro, não gostou nada. Ocorre que, no dia seguinte, já havia uma decisão judicial que contestava a falta de comunicação ao cliente, e suspendeu o aumento por cinco dias corridos. No outro dia, mais uma decisão, só que, dessa vez, suspendendo até o julgamento de uma ação popular. Já no dia 1º de janeiro, o novo prefeito Guti simplesmente cancelou o reajuste.
Outro aumento de tarifa de ônibus promovido no afogadilho do apagar das luzes de uma gestão que não ia ser continuada foi em Mauá. Na cidade do ABC Paulista, a Justiça também teve de intervir, e postergou o reajuste. O prefeito Donisete Braga, o mesmo que articulou o monopólio da Suzantur na cidade, dias antes de deixar o cargo sem ter conseguido se reeleger, autorizou o aumento de R$ 3,80 para R$ 4,20 nas modalidades comuns, e de R$ 4,50 para R$ 5 no vale transporte. Ação popular foi aceita pela Justiça, a qual, também no caso de Mauá, entendeu que o passageiro não foi respeitado por não haver comunicação adequada e tempo para se programar.
Na cidade de São Paulo e região metropolitana, principalmente no sistema da CPTM e do Metrô, há tempo de o passageiro se programar. As novas tarifas entram em vigor no dia 8 de janeiro, mas o cidadão (o cliente do sistema) foi encarado como uma espécie de palhaço. Porque se propagandeou tanto congelamento da tarifa do metrô e da CPTM para acompanhar o congelamento da passagem dos ônibus municipais prometido pelo prefeito João Doria, mas, na verdade, o que houve foi o resfriamento, e não o congelamento.
Resfriamento para esfriar um pouquinho as possíveis críticas de um descompasso da tarifa básica dos ônibus municipais com a tarifa básica do sistema sobre trilhos do Governo do Estado. Ficaria feio para o padrinho político de Doria, Geraldo Alckmin, não fazer o mesmo com os trilhos o que o pupilo fez com os ônibus. Mas integrações usadas por quase metade da demanda subiram bem acima dos 6,98% da inflação. Para usar ônibus municipais em São Paulo e, em seguida, trens e metrô ou vice-versa, a tarifa pula dos atuais R$ 5,92 para R$ 6,80 – aumento de 14,8%.
As modalidades temporais do Bilhete Único também aumentam. Em alguns casos, o reajuste é de 30% a 50%. Os gestores alegam: “É porque não havia reajuste há três anos do bilhete único temporal”. Ok, mas em três anos a inflação não foi de 30% ou 50%.
Vamos ser sinceros. Teve aumento da tarifa de metrô e da CPTM. Só que haverá um “subsídio cruzado”. O aumento acima da inflação nas integrações e nas modalidades temporais vai, de certa maneira, subsidiar, mesmo que em parte, o congelamento da tarifa básica. Simples assim, podendo haver o risco de descompasso das contas dos transportes, esse subsídio não será suficiente, e foi criado um inédito e perigoso sistema tarifário.
O pior é ver os mesmos operadores e gerenciadores de transportes tentando se justificar da falta de comunicação e de transparência. Aí chovem notas, releases, esclarecimentos. Que tal ser transparente e avisar antes o cliente? É menos desgastante para todos os lados. Desse jeito, o passageiro não será cliente, ele passará mesmo.
Com tarifas altas, o que não é culpa das empresas, e sim de uma política tarifária errada no Brasil, e com a falta de comunicação para com passageiro (aí, culpa das empresas e do poder público), o cidadão será um passageiro. Vai passar do sistema de transporte coletivo, que não tem lá suas qualidades ideais, para o transporte individual. Todos gostam de mobilidade e sustentabilidade, mas, quando começa a doer no bolso e quando o cidadão não se sente respeitado, legitimamente vai procurar o que é melhor para ele. É seu direito.
Confira os valores da capital e Grande São Paulo:
– Tarifa Comum (CPTM, Metrô ou Ônibus SPTrans): R$ 3,80 – sem aumento
– Tarifa Integrada Ônibus SPTrans + Metrô/CPTM: de R$ 5,92 para R$ 6,80 –aumento de 14,8%
– Bilhete Único Diário Simples – só ônibus ou só Metrô/CPTM (indicado para mais de 4 viagens em 24h): de R$ 10 para R$ 15 – aumento de 50%
– Bilhete Único Diário Integrado – ônibus + Metrô/CPTM (indicado para mais de 4 viagens em 24h): de R$ 16 para R$ 20
– Bilhete Único Semanal Simples: será extinto
– Bilhete Único Semanal Integrado: será extinto
– Bilhete Único Mensal Simples – só ônibus ou só Metrô/CPTM (sugerido para mais de 50 viagens): de R$ 140 para R$ 190 – aumento de 35%
– Bilhete Único Mensal Integrado – ônibus + Metrô/CPTM (sugerido para mais de 44 viagens): de R$ 260 para R$ 300 – aumento de 30%
O desconto do bilhete Fidelidade, por sua vez, será de até 10,5%, de acordo com o número de viagens. O mesmo percentual será aplicado aos bilhetes Madrugador (Metrô, das 4h40 às 6h15; e CPTM, das 4h40 às 5h35); e Da Hora (das 9h às 10h, nas linhas 8, 9 e 5), ambos fixados em R$ 3,40. As novas tarifas passarão a vigorar a partir de 8 de janeiro de 2017.
– Guarulhos: de R$ 3,80 para R$ 4,50, ou R$ 4,20 apenas para quem embarca com o Cartão Cidadão – a partir de 29 de dezembro de 2016 (viações tiveram de suspender por cinco dias por determinação da Justiça, porque não comunicaram os passageiros de maneira eficiente e com antecedência suficiente para o cidadão se programar. Em 30 de dezembro de 2016, a Justiça teve outra decisão e suspendeu o aumento até decisão da Ação Popular contra o aumento. No dia 01 de janeiro de 2017, o novo prefeito Gustavo Henric Costa, Guti, cancelou o decreto do prefeito anterior, Sebastião Almeida, que concedeu às empresas reajuste de 18,4% em 11 meses).
– Osasco: de R$ 3,80 para R$ 4,20 – a partir de 30/12/2016
– Francisco Morato: de R$ 3,70 para R$ 4,10 – partir de 30/12/2016
– Carapicuíba: de R$ 3,80 para R$ 4,20 – partir de 30/12/2016
– Barueri: de R$ 3,80 para R$ 4,20 – a partir de 31/12/2016
– São Caetano do Sul: de R$ 3,70 para R$ 4,10 – a partir de 31/12/2016
– Mauá: de R$ 3,80 para R$ 4,20, e o vale-transporte de R$ 4,50 para R$ 5,00 – a partir de 31/12/2016 (por determinação judicial, o aumento foi adiado para 07/01/2017 – medida foi tomada pelo prefeito Donisete Braga, derrotado nas eleições e que não conseguiu continuar no cargo. Não houve comunicação adequada ao passageiro)
– Santo André: de R$ 3,80 para R$ 4,20, e o vale-transporte de R$ 4,50 para R$ 5,00 – a partir de 03/01/2017
fonte: Blog ônibus Brasil com Adamo Bazani

quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

Vendas de ônibus fecham 2016 com queda de 32,92%, diz Fenabrave

Ônibus rodoviário. Mercedes lidera também o segmento de caminhões
Ônibus rodoviário. Mercedes lidera também o segmento de caminhões
Resultado é reflexo da crise econômica e da falta de investimentos em mobilidade urbana
ADAMO BAZANI
A Fenabrave – Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores divulgou nesta quarta-feira, 4 de janeiro de 2017, balanço sobre a venda de veículos em todo o país.
Segundo os dados, o Brasil retrocedeu mais de 20% em relação à comercialização de automóveis. A queda em todo o ano de 2016 somou 20,19% em comparação a 2015, contando carros de passeio, comerciais leves, caminhões e ônibus. Foram neste ano 2.050.327 unidades vendidas.
Já a venda de veículos comerciais pesados, considerados uns dos termômetros das atividades econômicas e também das projeções de investimentos, foi ainda menor.
A comercialização de caminhões caiu 29,92%, somando 50.292 mil unidades. Na comparação anual de dezembro de 2015 e dezembro de 2016, a queda foi de 20,29%.
As vendas de ônibus mostram um cenário ainda pior. A queda acumulada, ainda de acordo com a Fenabrave, foi de 32,92% em 2016, quando foram comercializados 13.646 mil veículos de transporte coletivo, em relação a 2015. Na comparação entre os meses de dezembro dos dois anos, a queda nas vendas de ônibus foi de 40,42%
fenabrave-2016-1
São vários os fatores relacionados à crise econômica que justificam essa redução drástica no número de vendas de ônibus: o desaquecimento econômico e também as dificuldades para crédito na hora de o empresário comprar frota nova.
A crise econômica também afeta a arrecadação do poder público, seja nas esferas municipais, estaduais e Federal, o que também resulta em redução de investimentos em mobilidade urbana e demanda por ônibus novos.
A queda nas vendas de ônibus tem se acentuado desde 2014 e já ultrapassa 70% no acumulado deste período,
PARTICIPAÇÃO DE MERCADO:
A Fenabrave também divulgou a participação das fabricantes de veículos pesados no acumulado de 2016. De acordo com os dados, a Mercedes-Benz lidera tanto os segmentos de ônibus como o de caminhões, seguida da Volkswagen. No entanto, a concentração no mercado de ônibus é maior.
fenabrave-2016
Adamo Bazani, jornalista especializado em transporte
fonte:Diário do Transporte
montagem matéria: Jailson Silva